Trago nas mãos o gosto amargo das saudades e, nos olhos, a
esperança sem verde de uma nova alvorada.
Com a Primavera vêm as papoilas e os primeiros cravos de um
Abril distante, cantado e sonhado, mas ainda por cumprir!
O meu sangue é seiva que escorre, como a ferida sempre
aberta, do pinheiro bravo.
Espero na madrugada sinal de um vento novo, que me traga
notícias da liberdade vendida. Carrego nos ombros as mordaças com que morreram
os homens do meu país. E ardo em febre na vontade de partir, ficando.
Pensamentos mil cruzam-se na noite sem aurora onde choram os pássaros sem
ninho.
Olho à minha volta e vejo o breu da noite cobriu os caminhos
de um futuro parado. Nas sombras movem-se os vampiros em busca das feridas,
abertas, dos pinheiros que, ainda bravos, teimam em resistir. Esperam a tormenta
que lá do cimo, do ramo mais alto, vem aproximar-se. Gemem na aragem fria um
grito de reunião. A floresta agita-se! Mas ainda não… ainda são poucas as
árvores desta floresta. E a procela agita as folhas verdejantes… tremem os
pinheiros bravos, acinzentam-se os céus. Os deuses estão em fúria. Já alguns
tombam mesmo antes do início da batalha. Fracos, famélicos, sem forças. Por
eles há que lutar também.
Vem companheiro… dá-me a tua mão. Vamos juntos enfrentar o
medo. Vamos juntos viver… ou morrer, se preciso for!
Mas de pé!!!
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