sábado, 9 de junho de 2012


Trago nas mãos o gosto amargo das saudades e, nos olhos, a esperança sem verde de uma nova alvorada.
Com a Primavera vêm as papoilas e os primeiros cravos de um Abril distante, cantado e sonhado, mas ainda por cumprir!
O meu sangue é seiva que escorre, como a ferida sempre aberta, do pinheiro bravo.
Espero na madrugada sinal de um vento novo, que me traga notícias da liberdade vendida. Carrego nos ombros as mordaças com que morreram os homens do meu país. E ardo em febre na vontade de partir, ficando. Pensamentos mil cruzam-se na noite sem aurora onde choram os pássaros sem ninho.
Olho à minha volta e vejo o breu da noite cobriu os caminhos de um futuro parado. Nas sombras movem-se os vampiros em busca das feridas, abertas, dos pinheiros que, ainda bravos, teimam em resistir. Esperam a tormenta que lá do cimo, do ramo mais alto, vem aproximar-se. Gemem na aragem fria um grito de reunião. A floresta agita-se! Mas ainda não… ainda são poucas as árvores desta floresta. E a procela agita as folhas verdejantes… tremem os pinheiros bravos, acinzentam-se os céus. Os deuses estão em fúria. Já alguns tombam mesmo antes do início da batalha. Fracos, famélicos, sem forças. Por eles há que lutar também.
Vem companheiro… dá-me a tua mão. Vamos juntos enfrentar o medo. Vamos juntos viver… ou morrer, se preciso for!
Mas de pé!!!

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