Trago no colo
A espera das manhãs claras
As brisas talhadas no mármore do peito
Em vão proclamo chamas de glória
Não são mais minhas as noites que te dou
Desperto na dor de bem-querer
Sem saber se és sombra ou miragem
Ou apenas passagem
Um desvio secreto
Que termina onde começa a madrugada
E desponta das trevas onde habitas
Não sentes este cheiro a rosmaninho
A terra molhada onde escorrego o olhar
Onde a vida se renova e tudo transforma
Não sei se peça amor se te diga adeus
Se é tua a chama que me devora
Não sei, amor, não sei…
Deixa que descanse
Neste leito sobre pedras
Construído a olhar o mar
Deixa-me descansar que os voos
Levam-me no vento as penas desta vida
Deixa-me descansar, olhos postos lá longe
Horizonte por descobrir
Deixa-me descansar no teu peito de abrigo!
Há dias assim
Parecem meses, semanas, anos
Há dias assim
Em que a espera se esquece
Por já nem saber porque espera
Em que o sol se põe
Esquecido de ter nascido
E a lua largou o sorriso
Esquecido para lá do céu
Há dias assim
Em que as palavras brotam
Esquecidas do sentido
Perdidas na fonética dos olhares
Danadas como beijos sôfregos
Há dias assim
Sem nada
Onde tudo é já perdido
Há dias assim
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