domingo, 4 de novembro de 2012


Hoje
Quis vestir-me de sol
Mas a chuva molhou-me o rosto

Na pressa dos caminhos
Vesti-me de cinza
Da cor dos silêncios
Pardos como as horas
Desfiadas nos sonhos parados

Hoje
Quis ver a lua
Mas foi nuvens que encontrei
Na troca de olhares
Com um céu de breu pintado

Ouço-a tombar lá fora
Traz-me segredos sussurrados
Que me transportam
Para prados verdes
Ou mares sem fim
Grita baixinho uma dor
Só nossa
Despida em ternura magoada

E na lama que foge dos pés
Sinto escorrer a vida
Lentamente
Como sangue quente
Que agasalha o silêncio

Amanhã
Vou de novo procurar o sol

Amanhã
Quero senti-lo roçar-me a pele
Languido como beijo
Ávido como húmus

Amanhã
Vou cerrar as horas
Buscar outros silêncios
Perpetuar paixões
E rasgar desejos

Amanhã
Com sol ou chuva
Serei maré

Amanhã
Serei lume aceso no teu olhar
Serei mulher apenas
Fêmea desperta pelo teu sentir
Amanhã

Sem comentários:

Enviar um comentário