domingo, 17 de junho de 2012



Escorre a noite
Já longa
Silenciosamente triste
Cerro os olhos na luta incessante
Mas o sono não vem
E a noite traz-me os meus fantasmas
Povoam-me esta vigília forçada
Rasgam-se a alma e apertam-me o peito
Enxoto-os como quem sacode o pó dos anos
Dos meses, dos dias
Mas eles teimam sempre em poisar
Nas feridas mal fechadas pela vida
E sempre aumentadas na desesperança
Entre a raiva e a dor
Ergue-mo do leito espinhoso
Acendo um cigarro mais
Na fúria do sono perdido
E volto às palavras
Sempre as palavras com que me armo
Onde busco forças novas
Para saltar as pedras constantes
Que me rasgam as carnes
Nesta tempestade sem tréguas
Onde me perdi do destino
E vagueio ao sabor das marés
Já não procuro mudar a sorte
Que dela cedo fui arredada
Quero apenas paz
No esquecimento dos sentidos
E deixar-me levar
Sem lutas por sonhos perdidos
Sem sonhos
Sem nada
Apenas vagar como as correntes
E parar um dia
Quando a morte decidir
Que é tempo
Da dor acabar


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