sábado, 9 de junho de 2012




EU
Eu sou fúria do vento. Incerta como tempestade de Verão. Trago sol na algibeira e enrolo-me na lua em segredo. Sou cinza das fogueiras onde ardi e onde, esquecidas, algumas brasas ameaçam o restolho. Vagueio pelo mundo em busca da verdade. Sou revolta do mês de Abril, embrulhada em cravos de esperança. E sou o desalento sem esperança. Trilho o pensamento na emoção das palavras e sem pensar sou a mágoa da desdita. Mas também sou mulher-verdade. Fêmea com cio e com dores. Arranho e rasgo opressões. Semeio raivas e amores. Sou chama que aquece e sorriso com que choro. Sou caminho de perdição e perco-me nos caminhos por onde ando. Ah! Pudera ser apenas flor! Cacto que fosse em deserto árido. Mas não. Corre-me nas veias este sangue quente que me oprime e me empurra, que me aquieta e desassossega. E lanço-me à vida como fera ferida na luta que escolhi. E mesmo morta não me derrotam porque deixo a minha sombra, fantasma das palavras onde renasço no poema. Recuso amores porque quero o Amor. Só Ele. Puro e sublime feito de gemidos e prazeres. Instintivo e feroz. Meigo e doce. Assim sou. Apenas isso. Mulher…

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