Não me apetecem poemas
As palavras perdem-se no vento
Rebolam na lama
Não me apetecem poemas que falem de flores e de sol
Quero verdades
Quero de volta os meus silêncios
Os vazios onde me perdia
As solidões onde me abandonava
Já disse não
Sentidamente
Irritam-me os falsos sabedores
Perturbam-me os deuses de barro tosco
Quero a cinza dos caminhos
As vielas pardacentas
Os rios lavados de mágoas
Quero ondas a desfazerem
Miragens sem desertos
Quero luas escondidas e estrelas
Sem brilho
Quero-me a mim
Apenas eu
Sem partidas nem regressos
Aqui
Perdida para lá do horizonte
Sem esperanças nem segredos
Apenas eu
Sem comentários:
Enviar um comentário