domingo, 10 de junho de 2012




Navegando nas águas revoltas dos meus medos
Por entre silêncios pintados de oiro
Saltei ondas, larguei botes
Remei contra todas as marés
O meu porto era o meu destino… apenas eu
Nesta lentidão da alma se espraiava todo o meu ser que já nada era
Secavam-se os rios sem lágrimas derramadas
Porque só Amor lágrimas derrama

Também nos ares andei cantante
Eram meus os céus da liberdade
Onde asas batia em debandada
Fugi de todas as estrelas que quiseram guiar-me
Temi o brilho cintilante, discreto, com que me acenavam
E já na terra, olhos postos num horizonte sem fim
Sabia-me só…senhora de mim
Dona de um mundo apenas meu

E um dia veio o vento

Assim
De mansinho
Uma leve aragem apenas
Ergui o rosto e recebi-o na face
Manso e doce como algodão
O seu toque mal sentido
Não fugi. Fui ficando
Ao longe… mar, rio, céu, estrelas… ao longe… cada vez mais…
E o vento soprando…cada vez mais

Dormente não o senti quando entrava em mim
Cavalo possante num galope destemido
Quedei-me a olhar sem o ver ainda… apenas a sentir!

Eram já as tuas mãos no meu rosto
As tuas mãos nas minhas mãos
As tuas mãos no meu sexo
Não percebi que eram meus os gemidos que murmurei
Não percebi os murmúrios que me lambiam o peito
Apenas um aperto… uma dor nova que eu sentia só minha
Depois… depois veio a tempestade
Assim
Inesperada
Enrolada num turbilhão
Voltei a voar… sem asas
Assim só… enrolada no vento que me prendia os movimentos
Aprendi a ser fogo sem lhe ver a chama
Aprendi a amar-te

Assim… nesta ânsia louca de ser tua
Conto os minutos da espera
Vem…
Rasga-me as vestes cansadas de mim
Abre-me o ventre sedento de ti

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