Durante muito e muito tempo, mesmo sentindo o fogo das
paixões, tinha a certeza que eram passageiras. Guardei o amor para a escrita…
aí sentia ser o seu lugar, cantado por poetas, romanceada por prosistas. Apenas
isso. Uma imagem idealizada de um sentimento desejado mas apenas quimera.
Acreditei que amor era o que se sentia por pai e mãe… por irmão, por filho…
nunca por alguém desconhecido. Por esses sente-se atração, mais ou menos forte…
paixão!
Um dia, porém, desprevenida na vida, incauta na descrença,
percebi que afinal, ele podia saltar dos livros, sair das palavras e tornar-se
verdade. Foi uma vez apenas. Valeu a pena? Valeu. Tudo vale a pena quando nos
deixa a aprendizagem. Mas a dor lancinante que se segue deveria fazer parte
apenas das palavras também. Dos livros. Por isso, vale a pena viver uma vez…
para entender. Para saber o que é. Apenas isso!
O desatino em que se vive nesses momentos torna-nos idiotas,
incapazes de controlar as nossas acções… o nosso querer! Vagamos à toa,
desconhecidos de nós mesmos. Tudo se torna irreal. A realidade ocupa o lugar do
sonho e o sonho passa a dominar tudo.
É bom para se viver uma vez na vida. Não mais. o turbilhão
não justifica a dor que se segue. Desprevenidos, deixamo-nos enredar… mas uma
vez chega como experiência! Depois há que estar atento. Fazer prevenção. A vida
é demasiado curta para ser vivida em dor, com o peito apertado, com as mágoas a
comandar tudo!
A decisão precisa ser tomada. Agora que se conhece, nada
como manter vigilância apertada… amor fica para os poemas… para os romances…
para as histórias bonitas com finais felizes. Na realidade não há finais
felizes. Há dor… imensa!
Por isso eu digo: foi uma vez sem exemplo. Nunca mais…
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