segunda-feira, 23 de setembro de 2013


De que valem as palavras
Quando no peito gritam silêncios
Quando os fantasmas da noite
Vem povoar os sentidos

Abrem-se os poros
Que ofegam
Da pele um cheiro a madressilva
Que sai do manto que o luar despe

Ali
Ao fundo
Geme o rio no seu deslizar
Sem ondas nem memórias
Caminho de vida
Rasgado no ventre da terra

Assim se rasga o véu da esperança
Que da vida se vai soltando
E esvoaça, esvoaça
Sem destino nem paragem
Para lá das nuvens, dos céus desnudos
Cobrindo apenas
Um Adónis curvado pelas dores
Esquecido de ser deus
Porque de humanos sentimentos talhado

E de olhos postos na terra
O meu deus chora e berra
Rasga céus enraivecido
Ao perceber que já não é nada
Nem deus, nem homem
Apenas o desejo escondido

Sem carne, sem alma, sem Nada

Liama

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