Abro asas na noite escura e parto vestida de breu na busca
do sonho esquecido que um dia se perdeu. Sou só eu e o céu, onde se escondem
estrelas sem brilho, nos caminhos onde a alma um dia se escondeu.
Ao longe um murmúrio dolente, do meu rio entre fragas… tão
manso e solto como a noite, tão livre e perdido…como eu! Amanhã, amanhã talvez
a luz me encadeie o peito e um sorriso me vote a fazer sonhar.
Trago silêncios presos nas mãos que se abrem em busca vã.
Trago mordaças rasgadas por onde se solta o grito mudo.
Nas nuvens desenho caminhos, cinzentos como as horas
cansadas. Mas sigo. Sigo sempre que o sol está mais além… e um dia, ai um dia
virá em que o sol no peito me poisará. E então, o grito não será mais mudo.
Rasgará silêncios em brasa e nascerão estrelas novas a bordar a oiro os meus
seios onde nasce um rio que corre e grita e tropeça, cai e se levanta, dorido
mas feliz… um dia… um dia…
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